Arqueólogos descobrem evidências de gigantesco estaleiro do Império Romano
Estrutura tem 145 metros de comprimento e 60 de largura, com área maior que um campo de futebol. Se confirmada, será o maior estaleiro do tipo já descoberto no Mediterrâneo
                              Imagens geradas por computador do candidato a estaleiro encontrado pelos arqueólogos (Portus Project)
  Uma equipe internacional de arqueólogos da Universidade de Southampton e  da Escola Britânica em Roma (ambas da Inglaterra) encontrou o que pode  ser o maior estaleiro de navios do Império Romano. A descoberta da  gigantesca estrutura foi feita próxima ao ancoradouro natural da antiga  cidade romana de Porto,  ao sul de Roma. Os arqueólogos ainda precisam encontrar outras  evidências, como as rampas utilizadas para jogar os navios construídos  no mar, para confirmar que a estrutura realmente é um estaleiro.
 
 O prédio encontrado data do século II e possuía 145 metros de  comprimento, 60 de largura, uma área maior que um campo de futebol. Em  alguns lugares, a construção tem um pé-direito de 15 metros, três vezes a  altura de um ônibus de dois andares. Partes de grossos pilares de  tijolo ainda estão visíveis, dispostos de modo a dar suporte para oito  compartimentos cobertos com telhados de madeira.
 
 Já se sabia que a antiga cidade de Porto era uma rota crucial ligando  Roma a outros pontos do Mediterrâneo durante o Império Romano. A mesma  equipe que encontrou o candidato a estaleiro investiga a cidade há  vários anos, mas nunca havia encontrado uma estrutura que se parecesse  com um estaleiro.
  Confira imagens geradas por computador da cidade antiga de Porto:
 
 
 Inicialmente, os arqueólogos pensaram que o prédio era usado como um  armazém, mas a escavação mais recente mostrou que a estrutura pode ter  sido utilizada para a manutenção de navios. Poucos estaleiros do Império  Romano já foram descobertos, e se os cientistas conseguirem provar que o  lugar realmente era usado para a construção de navios, esse será o  maior do tipo na Itália ou no Mediterrâneo.
 
 Com a ajuda de computadores, os arqueólogos conseguiram fazer uma  maquete virtual do prédio. "Trata-se de uma vasta estrutura que poderia  facilmente abrigar madeira ou outros suprimentos e certamente tem  tamanho suficiente para condicionar a construção ou armazenamento de  navios", disse Professor Keay, líder da equipe de arqueólogos da Escola  Britânica de Roma. "A escala, posição e natureza única do prédio levam a  crer que ele teve um papel fundamental nas atividades de construção de  navios".
 
Saiba mais
   Porto, a cidade portuária do Império Romano
  Porto foi uma cidade-porto na região de Lázio, Itália, ao  sul de Roma. Foi construída por ordem do imperador Cláudio no ano 42  d.C. na margem direita da foz do rio Tibre. A ideia era substituir o  principal porto fluvial do império, Ostia, situado na margem esquerda do  Tibre, em frente a Porto. O ancoradouro original ficou praticamente  inutilizado para barcos de grande porte devido a acumulação de detritos  depositados ao longo do tempo na foz do Tibre. Por isso, foi construído  um novo complexo portuário para assegurar os negócios de Roma.
  Evidências — Em 2009, os cientistas encontraram uma  espécie de Palácio Imperial ao lado de um anfiteatro. Os pesquisadores  acreditam que os prédios formavam um complexo de onde oficiais do  império coordenavam o movimento dos navios e das cargas dentro do porto.  O estaleiro seria parte integral da estrutura.
 
 Outra pista foi encontrada em inscrições na cidade de Porto. As marcas  registram a existência de uma corporação de construtores de navios na  cidade. Além disso, um mosaico encontrado em uma antiga mansão na saída a  sudeste de Roma, e que agora está no Museu do Vaticano, mostra a  fachada de um prédio similar ao encontrado pelos pesquisadores,  claramente exibindo um navio em cada um dos oito compartimentos.
 
 Contudo, os arqueólogos reforçam que precisam encontrar mais provas de  que o prédio era realmente um lugar onde acontecia a construção de  navios durante o império romano. Os pesquisadores ainda não descobriram  rampas que teriam sido usadas para jogar os navios no mar. "Elas podem  estar em camadas mais profundas do solo", disse Keay. "Se encontrarmos  essas rampas, não teremos mais dúvidas, mas pode ser que elas não  existam mais".
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