Páginas

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crônicas que Scliar fazia para a Folha serão reunidas em livro

LUIZA SOUTO
DO RIO

Durante um debate sobre a vida e a obra do médico e colunista da Folha Moacyr Scliar, morto em fevereiro deste ano, na Bienal do Livro, no Rio, o editor Luiz Schwarz anunciou o lançamento de ao menos dois livros com os textos que o escritor fez para o jornal.
"Estamos organizando dois volumes de crônicas do Moacyr. A ideia é juntar os textos que saíram na Folha, no Zero Hora e mais umas crônicas médicas que ele fazia", explicou Schwarz.
Durante aproximadamente uma hora, os escritores e amigos de Scliar Luiz Augusto Fischer, Domício Proença Filho e Luís Fernando Veríssimo lembraram histórias e textos, intermediados por Ítalo Moriconi e sob os olhos atentos e marejados da viúva Judith Scliar.
"Eu não quis subir [ao palco] por causa disso", disse ela no final para Schwarz, muito emocionado.
"Ainda sinto muito a morte do Moacyr, penso muito nele, me emociono até", disse Schwarz assim que pegou no microfone. "Quando ele faleceu escrevi um texto dizendo que ele foi uma mãe, não um pai para mim, porque ele tinha toda aquela preocupação judaica comigo", completou.
Amigo de longa data, Veríssimo lembrou de ocasiões engraçadas que vivenciaram juntos, como o fato de Scliar não beber.
"Eu dizia que ele era uma vergonha da classe literária porque ele não bebia nada", disse, arrancando risos da plateia, que encheu o espaço. Ao final, Veríssimo confessou suas predileções pela obra do amigo.
"Nos conhecemos quando ele foi visitar meu pai [o também escritor Érico Veríssimo], que era uma referência em Porto Alegre como escritor. Ele foi mostrar os livros que estava começando a produzir: 'A Guerra no Bonfim' e 'O Exército de Um Homem Só', que considero os melhores até hoje".
Representando a Academia Brasileira de Letras (ABL), Proença Filho lembrou da entrada de Scliar na entidade, em 2003.
"No primeiro encontro que tive com ele eu disse que ele deveria entrar para a Academia, mas ele estranhou. Depois soube que a ABL queria um candidato do Sul e eles estavam entre o Scliar e o Luiz Antônio de Assis. Eu torci para o Scliar", contou, revelando depois que Scliar queria fazer uma campanha para abolirem o fardão, vestimenta utilizada nas solenidades pelos imortais.
"Ele abominava o fardão", lembrou, rindo.

Nenhum comentário: