LUIZA SOUTO
DO RIO
DO RIO
Durante um debate sobre a vida e a obra do médico e colunista da Folha
Moacyr Scliar, morto em fevereiro deste ano, na Bienal do Livro, no
Rio, o editor Luiz Schwarz anunciou o lançamento de ao menos dois livros
com os textos que o escritor fez para o jornal.
"Estamos organizando dois volumes de crônicas do Moacyr. A ideia é juntar os textos que saíram na Folha, no Zero Hora e mais umas crônicas médicas que ele fazia", explicou Schwarz.
Durante aproximadamente uma hora, os escritores e amigos de Scliar Luiz
Augusto Fischer, Domício Proença Filho e Luís Fernando Veríssimo
lembraram histórias e textos, intermediados por Ítalo Moriconi e sob os
olhos atentos e marejados da viúva Judith Scliar.
"Eu não quis subir [ao palco] por causa disso", disse ela no final para Schwarz, muito emocionado.
"Ainda sinto muito a morte do Moacyr, penso muito nele, me emociono
até", disse Schwarz assim que pegou no microfone. "Quando ele faleceu
escrevi um texto dizendo que ele foi uma mãe, não um pai para mim,
porque ele tinha toda aquela preocupação judaica comigo", completou.
Amigo de longa data, Veríssimo lembrou de ocasiões engraçadas que vivenciaram juntos, como o fato de Scliar não beber.
"Eu dizia que ele era uma vergonha da classe literária porque ele não
bebia nada", disse, arrancando risos da plateia, que encheu o espaço. Ao
final, Veríssimo confessou suas predileções pela obra do amigo.
"Nos conhecemos quando ele foi visitar meu pai [o também escritor Érico
Veríssimo], que era uma referência em Porto Alegre como escritor. Ele
foi mostrar os livros que estava começando a produzir: 'A Guerra no
Bonfim' e 'O Exército de Um Homem Só', que considero os melhores até
hoje".
Representando a Academia Brasileira de Letras (ABL), Proença Filho lembrou da entrada de Scliar na entidade, em 2003.
"No primeiro encontro que tive com ele eu disse que ele deveria entrar
para a Academia, mas ele estranhou. Depois soube que a ABL queria um
candidato do Sul e eles estavam entre o Scliar e o Luiz Antônio de
Assis. Eu torci para o Scliar", contou, revelando depois que Scliar
queria fazer uma campanha para abolirem o fardão, vestimenta utilizada
nas solenidades pelos imortais.
"Ele abominava o fardão", lembrou, rindo.

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