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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Clones virtuais multiplicam- se na internet

Sábado, 10 de Abril de 2004, 17:58 - Gabriela não é um tipo comum e não se parece com ninguém que eu conheça. Tem cerca de 25 anos, cabelos cuidadosamente despenteados e olhos amendoados sob sobrancelhas bem definidas. É bonita, elegante e costuma terminar as frases - qualquer uma - com um discreto sorriso. A não ser pelo leve sotaque, bem poderia ser confundida com um típica garota brasileira. A Gabriela descrita acima não existe no mundo real, embora caminhe rapidamente para se tornar uma "celebridade" da internet. Ela é uma V-Host, expressão que serve para definiir uma "profissão" tanto quanto uma tecnologia que se expande rapidamente pela rede, baseada em um complexo sistema capaz de transformar qualquer texto escrito em voz humana, reproduzindo, inclusive, tiques e expressões faciais que conferem um charme a mais ao personagem. Os primeiros V-Host surgiram em 2002, mas o formato só deslanchou mesmo a partir do segundo semestre do ano passado, quando passou a ser adotado por empresas com forte presença na web. Atualmente, mais de 1000 guias virtuais estão espalhados pela internet em pelo menos 15 línguas diferentes, incluindo o português falado no Brasil, representado pela simpática Gabriela. Ela própria faz parte de um elenco de 20 modelos virtuais criados e utilizados pela Oddcast Media Technologies ( ww.oddcast.com ) para vender ferramentas planejadas para tornar a internet mais interativa e divertida. Acessem http://vhost. oddcast.com/ vhost_minisite/ products/ sitepaltts. php e confiram. Conheço gente que tem passado horas escrevendo as frases mais estranhas possíveis, tentando confundir a esperta Gabriela. E se divertindo com os resultados. Mesmo palavras que infernizam a vida de locutores profissionais são facilmente assimiladas e pronunciadas por ela. A rigor, a conversão de texto em voz (text-to-speech) não chega a ser uma novidade na internet. Existem várias opções disponiveis na rede que oferecem resultados satisfatórios. Apresentadoras virtuais, idem. A diferença, no caso de Gabriela e da Oddcast e de outras parcerias que existem por aí é que a técnica parece ter chegado ao terceiro estágio, a meio caminho da perfeição. No ano passado, os criadores da jovem V-Host ganharam alguns dos mais importantes prêmios de criatividade e interatividade voltadas ao mundo digital. São deles, por exemplo, o clone virtual de Elvis Presley (host.elvisnumberon es.com) utilizado pela gravadora RCA para marcar o lançamento de um álbum destinado a uma nova geração de fãs. Ou o Albert Einstein (trivia.oddcast. com) estilizado que não se cansa de ensinar noções de física a jovens aprendizes de todas as idades que recorrem ao site do Discovery Channel. Até o mestre do suspense Stephen King optou pelo V-Host (www.stephenking. com) para o lançamento de "The Dark Tower", o seu mais recente sucesso, mesma linha seguida pelo empresário brasileiro Ricardo Bellino que criou o seu próprio clone virtual para tentar impulsionar as vendas de um livro (www.poderdasideias .org). Da lista, fazem parte ainda a Coca-Cola, o McDonald’s, a Agência Espacial Norte-Americana e as montadoras Toyota, Chevrolet e Chrysler, entre vários outros endereços na web que também adotaram o formato como estratégia para impulsionar negócios ou simplesmente atrair audiência aos respectivos sites. Não demora e o clone virtual de Gisele Bundchen aparece na rede oferecendo sandálias e camisetas. No mínimo, seria uma boa oportunidade para testarmos, na prática, uma curiosa tese levantada pelo Centro de Estudos para Linguagem e Informação da Stanford University (www-csli.stanford. edu/) sobre a suposta vantagem que os clones desfrutam em relação aos originais no ambiente virtual. ESTADO DE SÃO PAULO.

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