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sábado, 10 de maio de 2008

UM POUCO DE HISTORIA

Alexandre Inagaki, na última edição do Spamzine, tem uma luz e escreve no Spamzine sobre porque a data usada atualmente para Dia Mundial do Rock está completamente errada, e sugere uma outra muito mais pertinente - afinal, é The Day the Music Died. Copio o texto quase na íntegra abaixo. Interessante notar como a indústria tenta empurrar umas datas meio sem sentido sobre a massa de consumidores, tentando faturar um troco porque hoje é dia disso, amanhã é dia daquilo. E com tempo suficiente, vende-se qualquer coisa - dia dos pais, dia das mães, dia dos namorados, dia da secretária, etc. etc. Outro dia li no Blue Bus que o dia internacional da pizza que está sendo comemorado em São Paulo é comemorado.. . apenas em São Paulo. O que nos leva ao dia mundial do rock, que é comemorado em dia, para dizer o mínimo, errado. Com a palavra, Alexandre Inagaki. A justificativa para a data: 13 de julho de 1985 foi o dia em que foi realizado o Live Aid, mega-concerto organizado pelo músico irlandês Bob Geldof, em prol dos famintos da África, e que reuniu dezenas de bandas em dois shows realizados simultaneamente em Londres, Inglaterra, e Filadélfia, Estados Unidos. Foi um acontecimento marcante, concordo. Mas eu, particularmente, teria escolhido outra data para a celebração do Rock: 3 de fevereiro. Final dos anos 50. O rock and roll mal havia inscrito suas primeiras notas na História da Música, e já sofria sua primeira crise, ameaçando perecer no mesmo limbo de outros estilos como a rumba, o calipso, o twist e o cha-cha-cha. Como peças de dominó, um a um os maiores ídolos viam suas carreiras tombarem de um dia para o outro. Tudo começou com o alistamento de Elvis Presley ao Exército, em 1957. Depois, foi Jerry Lee Lewis, que viu sua carreira soçobrar depois do escândalo suscitado pelo casamento com sua prima de 13 anos. Enquanto isso, Little Richard encontrara "a luz" e trocara o rock n'roll pela Igreja, e Chuck Berry terminou a década na cadeia, após ter sido flagrado com uma prostituta menor de idade. O vácuo repentino de ídolos abrira espaço para a ascensão meteórica de três talentos incipientes: o genial Buddy Holly (e sua banda The Crickets), Ritchie Valens (intérprete do sucesso "La Bamba", pioneiro do rock latino) e The Big Booper (DJ mais famoso da América e autor do hit "Chantilly Lace"). Durante o inverno de 1959, ambos participavam da turnê Winter Dance Party, consolidando junto aos fãs do meio-oeste americano o sucesso recém-adquirido (Valens tinha apenas 17 anos). Seguiram-se infindáveis, extenuantes viagens de ônibus, ao longo de estradas constantemente cobertas de neve. Um dia, Buddy Holly jogou a toalha. Na madrugada de 3 de fevereiro de 1959, logo após um show em Clear Lake, Iowa, Buddy decidiu fretar um avião para prosseguir com a turnê. Havia espaço para mais dois passageiros. Uma das vagas ficou com Big Booper, que, fortemente gripado, pediu para ser poupado de mais uma via-crúcis no indefectível ônibus dos músicos. A última poltrona, disputada no cara-ou-coroa (Deus não lança apenas dados), ficou com Ritchie Valens. Nem sempre quem ganha leva: poucos quilômetros depois de decolar, o avião caiu, certamente devido às péssimas condições climáticas, matando todos os seus ocupantes. O rock tardaria a se recuperar de tantos baques. As paradas de sucesso foram tomadas por baladeiros como Paul Anka, Pat Boone e Neil Sedaka, e mesmo Elvis Presley, que ao voltar das Forças Armadas preferiu consolidar sua imagem de galã de cinema, gravando basicamente musiquinhas "mela-cueca" . Apenas na metade dos anos 60 o rock resgataria sua vocação transgressora, graças a Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones. Contudo, os pioneiros, os responsáveis pelas primeiras faíscas, merecem ser lembrados: sempre que uma Fender ou uma Gibson for plugada em um amplificador, acredito que ao menos um isqueiro deva ser aceso em homenagem a esses caras: Buddy, Ritchie e Big Booper. Muitos aprenderam a lição. Os integrantes do Queen, por exemplo, costumavam viajar em aviões separados, a fim de assegurar a sobrevivência da banda em caso de acidentes (pelo jeito, os Mamonas Assassinas desconheciam a história do rock n' roll). (...) 3/2/1959 foi o "Dia em que a Música Morreu", como diz a música do Don McLean. Existem uma série de teorias de história da música que rezam que Buddy Holly estava num caminho para o estrelato tão líquido e certo, e tinha uma atitude tão diferente do resto da galera que sim, sua morte deixou um vácuo que só veio a ser ocupado com a invasão inglesa alguns anos depois. Note que várias destas teorias atestam que, se Buddy não tivesse morrido, a febre Beatlemaníaca teria proporções menores, pois os Beatles não pegariam de surpresa um mundo entediado com anos de Neil Sedaka e Pat Boone. Mas tudo é história.

http://rawsocket. org/rtfm/ arquivos/ 2002_07_01_ arquivo.html

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