* por Susan Hallam
A vida no Século 21 será muito diferente do século 20. O avanço tecnológico continuará a transformar nossas vidas em casa e nas nossas atividades de laser.
A economia global já conduziu a uma dura concorrência internacional para garantir empregos. Com a contínua redução dos postos de trabalho não especializados, a manutenção da estabilidade econômica depende de se ter uma força de trabalho altamente especializada e adaptável. Com o advento das tabelas da liga internacional possibilitou a empregadores em potencial fazer a comparação dos padrões educacionais nas diversas nações, tem havido um imperativo crescimento para que os governos aumentem os padrões educacionais. Devido à natureza mutante do trabalho, o tipo de educação apropriada para a era industrial não será adequada no futuro. Os empregados precisarão poder trabalhar independentemente, resolver problemas, ter pensamento crítico e serem adaptáveis., flexíveis e criativos. Eles também precisam trabalhar bem com outros, comunicar-se de maneira eficaz, ser bem motivados e aprender como dominar rápida e eficientemente novos talentos e responder eficientemente a modificações contínuas.
Em casa, a tecnologia conduziu a uma redução do tempo gasto nas tarefas domésticas e um aumento do tempo disponível para laser. Os computadores domésticos e o acesso que os mesmos fornecem à internet, TV a cabo e vídeos abriu a muitos uma gama de experiências anteriormente reservadas apenas a uns poucos. Qual o impacto destas mudanças sobre a música ? Na última parte do século 20 vimos um rápido aumento das oportunidades disponíveis para ouvir música através do radio, TV, discos, fitas, CDs, vídeos e um desenvolvimento rápido de uma série de técnicas multimídia.
Junto com isso, houve um declínio na execução de música ao vivo e oportunidades de emprego único para músicos profissionais. O que virá no futuro ? Inicialmente, parece haver poucas dúvidas que a música continuará a desempenhar um papel importante nas nossas vidas, preenchendo, como faz, tantas necessidades humanas. Para o indivíduo ela pode ser um canal para expressão emocional, influencia nosso estado de espírito e níveis de disposição e pode ser terapêutica. Pode entreter e inspirar. Ela aumento o impacto das outras artes, muito do que vemos na televisão e nos filmes e jogos de computador. Para aqueles que se tornam ativamente envolvidos na sua execução, pública ou privada, ela pode representar estímulo intelectual, o desafio da maestria e alívio emocional. Na sociedade, ela fornece um meio de comunicação que vai além das palavras e nos oferece entendimento compartilhado e sem palavras. Ela permite que grupos especiais reforcem a sua identidade, seja como torcidas de futebol, membros de um partido político ou membros de grupos étnicos ou culturais em particular. Não há nenhum evento importante sem música. Finalmente, ele fornece oportunidade para inúmeras atividades sociais compartilhadas, formais e informais.
Uma sociedade sem música é impensável. A questão não é se haverá música no século 21 porém qual a natureza dessa música e se haverá uma necessidade continuamente percebida para que as pessoas aprendam a tocar instrumentos musicais. No futuro imediato, deverá haver poucas mudanças.
A indústria de música é uma das maiores geradoras de renda do Reino Unido e aprender a tocar um instrumento ou a contar é atualmente visto como importante na preparação dos indivíduos para trabalhar como instrumentistas, educadores (em classe e instrumentais) compositores e arranjadores, terapeutas musicais, jornalistas, bibliotecários, vendedores do varejo, promotores, administradores e fabricantes e restauradores de instrumentos.
Aprender a tocar um instrumento musical é também visto como importante contribuição à educação daqueles que desejam seguir carreira na TV e rádio, como produtores, nas atividades de gravação, propaganda, administração artística, engenharia de som, edição de filmes e pesquisa acústica. Existe também uma tendência crescente comprovando que tocar um instrumento pode ser benéfico para o desenvolvimento de outros talentos. Pesquisas recentes nos Estados Unidos constataram que ouvir ou fazer música ativamente tem um efeito positivo direto sobre o raciocínio espacial, um aspecto da medição do QI. Embora isso não tenha sido repetido com sucesso, outras evidências da Europa indicam que um aumento nas aulas de música pode ter efeitos positivos sobre o relacionamento social nas escolas. Pesquisas no Reino Unido mostraram que a concentração de crianças da escola primária e daquelas com dificuldades emocionais ou comportamentais pode ser melhorada quando música "relaxante" é tocada no fundo.
Pesquisas atuais estão investigando em que medida tocar um instrumento encoraja o desenvolvimento de talentos transferíveis. Por exemplo, a necessidade de praticar regularmente pode ajudar na aquisição de bons hábitos de estudo e concentração focalizada; tocar em concertos pode encorajar hábitos de pontualidade e boa organização, composição, improvisação de desenvolvimento da interpretação musical pode facilitar o desenvolvimento de talentos para analisar e resolver problemas, tomadas de decisão e criatividade. Esses talentos são apenas aqueles que são considerados importantes para o emprego no futuro. Por esse motivo, é provável que haja uma demanda contínua para ensino de instrumentos no curto prazo.
E quanto à visão de longo prazo ? Embora haja muitos cenários possíveis, acredito que duas possibilidades sejam prováveis. A primeira, os tipos de música que as pessoas vão ouvir se tornarão mais diversificados. Novos gêneros aparecerão para integrar diversos estilos. haverá um aumento no uso da tecnologia para compor e executar música. Isto ampliará o acesso à composição, uma vez que se confiará menos no talento técnico porém ao mesmo tempo é possível que haja uma redução maior da necessidade de execução ao vivo e de músicos cujo único papel esteja relacionado a essa execução.
Desenvolvendo-se em paralelo com esta tendência, está o possível aumento do número de pessoas, em todas as faixas etárias, que desejam participar da música. Essas atividades tendem a serem baseadas na comunidade e refletir as tradições musicais daquela comunidade, quaisquer que sejam. O papel do músico profissional do século 21 envolverá o trabalho nesta comunidade musical, tocando, facilitando a execução de outros, ensinando uma grande variedade de habilidades musicais, compondo e arranjando música.
Se esta visão do futuro vier a ocorrer, o que um músico profissional precisa fazer para estar preparado ? O foco do ensino instrumental, em todos os níveis, desde a pré-escola até a educação superior, precisará mudar. Terão que ser encontradas maneiras de permitir a um maior número de pessoas aprender a tocar uma faixa maior de instrumentos musicais, através das suas vidas, à medida em que encontram oportunidades apropriadas para fazer música em conjunto na comunidade. O currículo instrumental e os sistemas de exames com notas que avaliam o progresso através do mesmo (que tem liderado o mundo) precisarão ser adaptados para manter sua relevância do ambiente em movimento. Finalmente, precisarão englobar uma gama mais ampla de habilidades musicais.
O treinamento dos músicos será crucial para o processo de mudança. Além de desenvolverem uma larga gama de habilidades musicais, eles precisarão motivar, inspirar e ensinar aprendizes de todas as idades, desenvolver habilidade para trabalhar com grupos grandes e diversificados e adquirir as habilidades de comunicação, sociais, empresariais e administrativas necessárias para o trabalho comunitário. Isto representa uma mudança fundamental em relação à prática tradicional.
Um outro desafio, especialmente no Reino Unido, é a necessidade de aumentar as demandas de confiabilidade dos órgãos governamentais. Embora seja fácil sentir-se ameaçado pelo grau de escrutínio envolvido, é importante mantê-lo em perspectiva. Ela se aplica não somente à música, mas também à educação como um todo e é direcionado a uma larga gama de empresas públicas e privadas. Vista positivamente, pode representar uma oportunidade para demonstrar publicamente a alta qualidade do ensino de música instrumental e dos sistemas de avaliação do Reino Unido.
Finalmente, precisamos lutar no sentido de aumentar o perfil da música em si. A música representa um papel crucial nas nossas vidas, mas freqüentemente não é levada em consideração. Aqueles envolvidos com a profissão musical em todos os níveis precisam trabalhar juntos ativamente para assegurar que isso mude. O efeito sobre a mídia de um dia nacional sem música seria devastador. Precisamos encontrar maneiras de fazer com que esta mensagem chegue àqueles envolvidos no estabelecimento de políticas e ao público em geral. Uma grande campanha montada por todas as partes interessadas, inclusive a indústria da música, parece ser uma necessidade. A evidência da importância da música é superior. Só precisamos fazer a mensagem circular.
*Susan Hallam é Professora de Educação na Oxford Brookes University.
Tradução: AMG - Tradutores
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