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sexta-feira, 16 de abril de 2010

O instrumento chamado voz

Por Andreas Kisser . 16.04.10 - 15h32

O instrumento chamado voz

O vocalista, ou cantor, é o músico que mais sofre numa longa turnê – como a que o Sepultura está fazendo agora pela Europa. Ele precisa se cuidar mais, se preparar com mais atenção e ter mais disciplina antes de entrar no palco, sempre pensando no próximo show. Viajando muito e por tantos países diferentes, climas, situações inesperados e de vez em quando não se alimentando direito, é comum que algumas doenças ataquem o corpo debilitado e os vocalistas sofram muito mais. A voz não se pode trocar, como uma guitarra, então ou o vocalista se cuida ou perde completamente a voz e, se a situação for muito grave, os shows acabam sendo cancelados.

O vocalista canadense Danko Jones (veja o site da banda), da banda homônima, tem um programa de rádio em Estocolmo (Suécia), onde fica sua gravadora Bad Taste, que é muito interessante e informativo. O programa se chama The Magical World of Rock e, como o próprio nome já diz, é para quem gosta de rock e todas suas vertente.

No programa, o Danko Jones aborda vários temas, dá a sua opinião sempre com muito conteúdo e informação. Dentro do programa, ele criou um espaço com entrevistas de vários vocalistas de estilos diferentes: o Singers Clinic. Danko diz que sente falta de revistas especializadas ou workshops e clínicas destinadas aos vocalistas, nos outros instrumentos se vê muita coisa, mas para os cantores, relamente, é difícil ver alguma coisa do tipo.

O primeiro programa foi com o nosso vocalista Derrick Green e com o vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson. Ele também já entrevistou músicos como Gene Simmons, do Kiss, Robert Plant, do Led Zeppelin, David Johnson, do New York Dolls, e Pelle Almqvist, do Hives. As perguntas são basicamente as mesmas: como cada um se aquece antes de um show, ou de uma gravação? Como se prepara fisicamente, se tem uma dieta especial ou se toma alguma bebida, ou alguma poção secreta que ajude na hora de cantar?

Engraçado notar que as dicas são muito diferentes entre eles, alguns são mais metódicos e se cuidam com muita disciplina quando estão em turnê, outros são mais desleixados e não tem muitas regras, deixam mais o “feelling” do momento preparar a voz. A maioria não aconselha bebidas alcoólicas nem produtos derivados do leite, todos recomendam muita água e muito descanso, sempre que possível, é claro. Alguns gostam de ficar sozinhos, isolados em total concentração e outros não se importam com gente bebendo e fumando nos camarins. Alongamentos e alguns exercícios aeróbicos, antes dos exercícios de aquecimento das cordas vocais, são aconselháveis também.

A voz é o instrumento mais sensível e natural que existe, requer mais cuidado do que qualquer outro, além de o vocalista ter que lidar com fatores como humor do dia, a condição física, se dormiu bem ou não, se está febril, com resfriado, tudo fica mais sensível e difícil para o vocalista. Como guitarrista, se estou doente, é claro que atrapalha para tocar, mas o som da guitarra não sofre muito com isso. Talvez o baterista perca um pouco da energia no palco, mas da para levar com mais facilidade do que um vocalista, que bota a cara para bater. Qualquer nota fora os fãs já descem a lenha, sempre esperando a perfeição. Tudo fica mais evidente quando você se expressa com a própria voz ao invés de um outro instrumento qualquer. Por isso achei muito relevante, e importante, a ideia das entrevistas do Danko, para dar algumas dicas para quem quer seguir a carreira de cantor. No Brasil, eu conheço dois grandes vocalistas que fazem clínicas especializadas para os cantores, principalmente os de rock e metal: Edu Falaschi (veja o Myspace) e Nando Fernandes (veja o Myspace). O Edu é vocalista do Angra e tem vários outros projetos. Já o Nando já foi vocalista do Hangar e também tem vários projetos.

Eu já brinquei de vocalista uma vez em que participei de um karaokê de metal onde escolhi alguns playbacks e cantei em cima, foi bem divertido. Aliás, eu tenho utilizado a minha voz cada vez mais, especialmente no meu disco solo. Realmente é um grande desafio e ainda estou engatinhando no assunto, vou evoluir aos poucos e achar a minha própria maneira de cantar, seguindo os conselhos dos mestres. Soltar a voz é um sentimento fantástico, dando um sentido único para as palavras e atingindo a alma e a mente das pessoas, um poder que, como qualquer outro, tem que ser usado com muita responsabilidade.

Boas cantorias e play it loud!!!

Abraço, Andreas Kisser

http://colunistas.yahoo.net/posts/1396.html

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