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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Loucos por lambretas caem na estrada

terça-feira, 8 de abril de 2008, 00:00 - Eles rodam o mundo em baixa velocidade. E adoram a experiência

Eurolambretta - evento anual reúne cerca de 600 participantes

SÃO PAULO - Foi há cerca de meio século: lambretas eram tão amigas das estradas quanto os discos de Elvis Presley das vitrolas. Hoje, as músicas do rei do rock continuam vivíssimas nos Ipods, mas e as viagens sobre as simpáticas motocas? Acredite se quiser: há grupos que se reúnem todos os anos para rodar por muitos quilômetros a bordo desse tipo de veículo. Apesar de os brasileiros estarem bem representados, os entusiastas que promovem encontros maiores e mais organizados moram na Europa e nos Estados Unidos. São pessoas como Tino Sacchi e Nadia Amileni, ambos de 61 anos. O casal de italianos honra o fato de o país ter concebido a marca Lambretta, em 1947. Isto porque eles já conheceram o mundo a bordo desse veículo. Eles fizeram a primeira grande viagem em 1995. Foram até o extremo norte europeu, em Nordkapp, na Noruega - voltaram para casa depois de 22 dias (e 8.500 quilômetros). No ano seguinte, a dupla desembarcou nos Estados Unidos para cruzar o país, de Nova York a São Francisco. Aproveitaram a "proximidade" para alcançar - ele com um modelo 47 e ela, um 53 - Vancouver, no Canadá, onde enfrentaram 30 graus negativos. A expedição, de 16 mil quilômetros, durou dois meses. Mas é fácil viajar de lambreta? "Você deve se organizar muito bem e não pode carregar muita coisa", conta Sacchi, para quem a questão mecânica é um mero detalhe. Eles tiveram apenas quatro pneus estourados quando fizeram a rota entre Sydney e Perth, cruzando 6 mil quilômetros australianos, em 2005. Antes disso, já haviam rodado pelo país em outras quatro ocasiões. A aventura mais recente foi em dezembro passado. As duas motocas que a dupla usou para ir de Buenos Aires a Ushuaia ainda estão na Argentina aguardando o vôo de volta para casa. Os italianos se preparam, agora, para participar do evento mais conhecido do gênero no continente. Chama-se EuroLambretta e ocorre uma vez por ano desde 1989. Foi Sacchi, aliás, quem organizou o primeiro deles, reunindo 270 motocas em Estrasburgo, na França. Desta vez, a festa vai de 13 a 15 de junho, na Suécia, e deverá receber 600 participantes - é lambreta que não acaba mais. O acampamento será montado na cidade de Karlskrona. Apesar de ser celebrado sempre na Europa, o evento é aberto para visitantes de outros continentes. Neste ano, receberá representantes até de Hong Kong e do Vietnã. Os brasileiros interessados podem se informar no www.soulscooter. com/el. Tradicionalmente, a maioria dos viajantes vem da Inglaterra. "Eles têm mais capacidade financeira e muito entusiasmo", explica José Paiva, de 68 anos, presidente do Clube da Lambretta de Portugal.


Velhinha enxuta


"Elas chamam a atenção por onde passam", conta Kieran Walsh, de 36 anos, presidente do Clube da Lambreta dos Estados Unidos. Ele estará no encontro da Suécia acompanhado da namorada, Amy, mas longe da companheira DL 125. O modelo de 1969 - mais velho que ele - será substituído por um veículo emprestado na Europa. Enquanto espera pela viagem, Walsh dirige sua motoca na Flórida, onde mora, e organiza eventos em seu país. O próximo encontro será de 26 a 29 de junho. Na quarta edição, o Lambretta Jamboree dos Estados Unidos deverá reunir cerca de 300 pessoas. Para Walsh, que adora pilotar várias horas por dia, não vai ser difícil cruzar o país até a costa oeste e prestigiar o evento deste ano, na Califórnia. "Em uma lambreta, você realmente sente a estrada", diz. Confira a programação no www.lambretta. org.


Brasil


As lambretas começaram a ser fabricadas por aqui em 1955, no bairro da Lapa, em São Paulo, e se tornaram muito populares. Hoje, o País abriga muitos apreciadores do veículo, mas não tem eventos organizados como os do exterior. Um dos grupos mais tradicionais é o Clube da Lambreta de Santa Catarina, com sede em Indaial, a 160 quilômetros de Florianópolis. De vez em quando, eles programam viagens pela região do Vale Europeu, no próprio Estado.

Sem destino, com cautela


É preciso ter astúcia para viajar em uma lambreta. Apesar da boa estabilidade, seus mecanismos não têm a tecnologia das motos modernas. Por isso, o cuidado deve ser redobrado. Prefira rodar por estradas secundárias - evite rodovias de alta velocidade. Isto porque será difícil alcançar os 100 quilômetros por hora. Calcule bem a distância entre os postos de combustível. Apesar de serem econômicas, as motonetas têm um tanque pequeno, com capacidade média de seis litros, e uma autonomia de cerca de 120 quilômetros. ESTADO DE SÃO PAULO.

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