Páginas

Mostrando postagens com marcador EDUCACAO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador EDUCACAO. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LANÇAMENTO. Daniel foi meu professor na facul.


  
 
 

Górgias é o segundo volume dedicado a Platão que a editora Perspectiva traz ao leitor brasileiro em sua coleção Textos (depois da República). Traduzido diretamente do grego por Daniel Lopes, autor das notas e do ensaio introdutório, este diálogo aparece no catálogo de Diógenes Laércio (séc. II d.C.) e nos manuscritos medievais com o subtítulo “Sobre Retórica”. Todavia, o leitor que se aventura pelos caminhos dialógicos percorridos pelos interlocutores logo constata que a discussão vai além da tentativa de definir o que é essa arte, ou mesmo se ela é verdadeiramente uma arte. À medida que o exame conduzido por Sócrates passa de uma personagem a outra, emerge a questão fundamental que é a do melhor modo de se viver: será a vida política da democracia ateniense, da qual a retórica é parte imanente, ou a filosófica, na imagem de Sócrates construída por Platão? O desafio socrático é persuadir de que a justiça é superior à injustiça e que a felicidade humana está na vida virtuosa. Nesse viés moral, a pergunta é: qual a utilidade da retórica? Concebida por Górgias, Polo e Cálicles como meio de alcançar uma existência afortunada através do poder e da liberdade, ela é, para Sócrates, instrumento para a prática da injustiça no âmbito político. O debate aponta, portanto, para uma crítica mais ampla de Platão à democracia, uma vez que dela se gera o antípoda do filósofo, o tirano, como se lê na República.


Daniel R. N. Lopes

É doutor em grego clássico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor de língua e literatura gregas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCHUSP). É autor do livro Xenófanes de Cólofon: Fragmentos (Olavobrás, 2003) e colaborou com a edição de A República de Platão (Perspectiva, 2006). Tem se dedicado prioritariamente à tradução de diálogos de Platão, e aos estudos sobre filosofia antiga, historiografia e oratória gregas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

DOE UM INSTRUMENTO POR UM MUNDO MELHOR


Uma das iniciativas do Projeto Social Por um Mundo Melhor em 2011 é a campanha Doe Um Instrumento, que arrecada instrumentos para ONGs que usam a música como veículo de educação e transformação social. Sabe aquele instrumento que você não usa mais e que está esquecido no canto de casa? Doe ele e ajude a transformar a vida de alguém!
A campanha foi lançada no início do mês em um evento que contou com um show doCapital Inicial. Além da banda brasiliense, Jota Quest e Cidade Negra também apoiam a campanha do Doe um Instrumento. Veja abaixo os vídeos em que eles colaboraram incentivando a doação de instrumentos:
A campanha Doe um Instrumento aceita instrumentos danificados. Para que eles cheguem em perfeitas condições às ONGs, o Rock in Rio, junto com a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, criou uma oficina de Luthiería, que irá capacitar 40 jovens no oficio de construir e restaurar instrumentos.
Para doar um instrumento, basta deixa-lo em uma das 145 agências dos Correios participantes em todo o Estado do Rio de Janeiro.

James Ellroy e valter hugo mãe: a identidade da Flip 2011

Dois nomes se destacaram na edição 2001 da Flip. Dois nomes de perfis bem diferentes. valter hugo mãe James Ellroy. Um pela emoção, outro pela polêmica.
Enérgico, James Ellroy roubou a cena para si na Flip 2011 - Foto: Beto Lima
1/20
O angolano naturalizado português valter hugo mãe emocionou o público ao relatar suas memórias, e a relação com uma família de brasileiros. A reação de quem assistiu a ele foi de aplausos efusivos. Naquele instante, valter conseguiu o que parecia impensável: ofuscou sua colega de debate, Pola Oloixarac. A novata argentina, alçada ao posto de "musa", foi perseguida nas ruas, deu dezenas de entrevistas e ainda assim não perdeu o jeito tímido ao posar para fotos. A autora de "As Teorias Selvagens" e valter hugo ficaram quase quatro horas autografando seus livros. Um recorde desta festa.
Já James Ellroy foi sarcástico como tinha que ser. Melhor, foi debochado na medida certa. Elogiou o lutador Eder Jofre e o compositor Heitor Villas Boas, ainda que sua paixão seja Beethoven. "Vocês queriam o quê? Que eu falasse mal de um brasileiro estando no Brasil?", perguntava ao público. No papo com a imprensa, Ellroy falou da visão conturbada que os americanos fazem do País. "Eles acham que aqui só tem pessoas nuas, sexo e esquadrões da morte", disse.
A presidenta Dilma Rousseff, que cancelou sua ida à Flip na última hora, perdeu a excelente abertura feita por Antonio Cândido, um dos maiores críticos literários da atualidade. O homenageado desta edição, Oswald de Andrade, também foi lembrado na leitura da peça "Tarsila", de Maria Adelaide Amaral, sobre a pintora modernista com quem foi casado. O show de abertura foi do performático Celso Sim e José Miguel Wisnik com participação "antropofágica" de Elza Soares. Um pouco antes de subir ao palco, a cantora conversou com a reportagem do iG no camarim, onde relembrou momentos de sua vida que, segundo ela, "daria um best-seller".
Foto: Beto Lima
Leitura da peça lotou a tenda dos autores, com três mil lugares
Galanteios e bilhetinhos
Como classificar a participação de Claude Lanzmann em Paraty? Na coletiva de imprensa, mostrou-se arredio, impassível com os que não leram seus livros. Com copo de uísque na mão, seu mau humor foi superado pela bagagem histórica que carrega (ele lutou contra os campos de concentração nazistas). Já durante a mesa, para o público em geral, o cineasta de "Shoah" se fez de pura antipatia. Ameaçou até ir embora no meio do debate, por achar a mediação "débil". O clima úmido da cidade, que tanto o incomodou, pode ser razão para o rancor. Antes de partir, se redimiu em galanteios a uma assessora, como nos bons tempos nos quais foi casado com Simone de Beauvoir.
Se Lanzmann atacou, valter hugo mãe foi atacado. O português-sensação recebeu propostas de casamentos entre os tantos bilhetinhos que ganhou durante os autógrafos que distribuiu. "Tenho que arrumar uma parceira mais perto de casa, no norte de Portugal", disse ele, desestimulando as possíveis candidatas.
Entre escombros
Marcelo Ferroni, Edney Silvestre e Teixeira Coelho, autores contemporâneos e por isso mesmo mais próximos do grande público, tiveram uma tímida performance. A mesa "Ficções entre escombros" não ficou aos pés da boa prosa brasileira da atualidade. Antonio Tabucchi, que cancelou sua presença como protesto para o caso Battisti, fez falta no que ele sabe fazer tão bem: elevar a temperatura de um debate. Coube então a um veterano baiano mostrar como que se faz. João Ubaldo Ribeiro vestiu a humildade e conquistou os presentes. "Não me considero um homem das letras", disse, para início de conversa.
O conflito entre israelenses e palestinos, sob o viés das HQs, é o foco da obra de Joe Sacco, que não mostrou a que veio. Curto nas palavras, seu debate se resumiu ao esforço da própria plateia, que tentava a todo custo arrancar dele algo mais profundo de suas ideias. Sacco levou a preguiça a Paraty.
Rumo aos dez
Ruas sempe lotadas, cidade mais bem peparada para receber tanta gente. Paraty parece que finalmente entendeu que era necessário investimento se quisesse continuar sendo o coração pulsante do evento. A ciclovia beirando o rio, revitalização da região, as duas tendas - a dos autores e a do telão - próximas uma da outra, staff preparado como solucionar pequenos problemas. Esta foi a mais organizada das edições. A programação off-Flip, para quem não conseguiu ingressos, deu conta do recado.
Ferreira Gullar, que ano passado roubou a cena na programação oficial, dessa vez deu uma palestra à parte, sobre poesia política. O público compareceu em peso, congestionando a rua de um centro cultural. "Popularidade dá nisso", brincou o poeta. Artistas circenses, poetas casuais, escritores independentes e amantes da literatura de cordel dominaram de vez seu espaço nos bastidores, ou melhor, nas ruas da cidade, à beira do rio Perequê-Açu, que corta o centro histórico de Paraty, espelhando as duas tendas principais da Flip.
Dizem que a Flip cresceu tanto que o rio não dá mais conta de espelhar este sucesso retumbante. Para o ano que vem, quando completa uma década, a Flip deve continuar mirando a estes canais paralelos, chamados de off-Flip, que desafogam a desembocadura do "rio principal". E seguir seu rumo como principal festa literária do País.
Foto: Beto Lima
Público tem acesso à leitura nas praças da cidade
Relembre as melhores mesas desta edição:
"Pontos de fuga": Apesar da expectativa em torno da musa da Flip 2011, a argentina Pola Oloixarac, foi o autor português valter hugo mãe quem roubou a cena na segunda mesa de sexta-feira. Após chorar durante a leitura de um relato de infância e ser aplaudido de pé, o escritor passou quatro horas autografando seus livros, momento em que foi pedido em casamento e recebeu propostas indecentes, como revelou em entrevista exclusiva ao iG.
"O humano além do humano": Pouco importou se a literatura não foi o tema principal da última mesa de quinta-feira. O encontro entre o neurocientista Miguel Nicolelis e o filósofo Luiz Felipe Pondé levantou questões humanas em duas performances inspiradas. Enquanto Nicolelis, apoiado por recursos audiovisuais, empolgou a plateia ao celebrar os avanços da ciência em relação ao cérebro humano, o cético Pondé apontou para o perigo que a superação do ser humano apresenta: a eugenia.
"Laços da família": Para tratar da influência que a história pessoal pode ter na literatura, a Flip juntou o autor francês Emmanuel Carrère com o húngaro Peter Esterházy, criando um debate espirituoso sobre a relação entre biografia e obra e entre ficção e não-ficção. Se para Carrère o protagonismo real foi a solução de um dilema, Esterházy apontou o "eu" como algo absolutamente formal.
"Oswald de Andrade: devoração e mobilidade": Ao lado do professor e músico José Miguel Wisnik, o crítico Antonio Candido abriu a Flip 2011 com um fez "um testemunho de amigo" sobre Oswald de Andrade, homenageado desta edição. Após descrever detalhes da vida e personalidade de Oswald, "um homem que soube usar a arma do riso", foi a vez de Wisnik falar sobre o legado da obra oswaldiana, em especial da antropofagia.
"Lugares escuros": Encerrando a programação de sábado, o autor norte-americano James Ellroy encantou Paraty com uma palestra repleta de frases de impacto, responsáveis por divertir a plateia da Flip. Entre referência à música clássica ("Nenhum de nós jamais será, porém, tão grande Beethoven") e um elogio a Éder Jofre ("espero que alguém possa dizer a ele que o acho o máximo"), Ellroy arranjou tempo para falar sobre os romances policiais que o aclamaram.