Maestro e compositor faz releitura de antigas canções folclóricas para educação musical
Matérias 25.02.2010 seja o primeiro a comentar
O maestro e compositor Edino Krieger, um dos mais respeitados músicos e compositores do país, aprendeu a tocar violino, aos sete anos, com seu pai. Aos 14, após um concerto em Florianópolis, ganhou uma bolsa de estudos. A partir de então, trilhou uma trajetória notável.
Consciente da importância da educação musical na infância, Edino Krieger, aos 82 anos, não mede esforços para divulgar músicas nas escolas. O maestro possui um conjunto de 20 cantigas, para serem cantadas em múltiplas vozes, tipo Frère Jacques. Alguém se lembra da folclórica canção francesa?
Frère Jacques / Frère Jacques / Dormez-vous? / Dormez-vous? // Sonnez les matines / Sonnez les matines / Ding, ding, dong / Ding, ding, dong
Ao fazer referência a uma cantiga de roda tradicional, o maestro pretende facilitar o ensino da educação musical para as crianças. Utilizando a popularidade da canção francesa e possibilidade de cantar em várias vozes, o compositor faz releituras de mitos brasileiros, principalmente referentes ao imaginário nordestino.
Edino conheceu as cantigas originais nos tempos de escola, além de ouvir a música que se fazia em família. Na casa do avô, a audição das marchinhas de Lamartine Babo, foi criado ao som de serestas. Canções do folclore infantil como O cravo brigou com a rosa e Bão balalão ganharam melodias novas e as letras foram adaptadas:
Garibaldi foi cedinho à missa / galopando um cavalo sem espora / No caminho viu uma pedra bem roliça / tropeçou o cavalo e / Garibaldi pulou fora
“Desde a Grécia a música era considerada um conhecimento fundamental, a vivência musical da criança na melhora o raciocínio. Além da função socializante exercitada com a prática da música em conjunto. Há a sensação de experimentar o todo. Não se trata de conhecimento teórico, mas prático.”, defende o maestro que nos anos 60, através da Funarte, publicou a primeira edição de um material didático de educação musical com ilustração dos filhos.
Para o compositor erudito e o guitarrista da banda carioca Brasov, Edu Krigger, filho de Edino, as cantigas do pai foram fundamentais na sua formação.
“Quando meu pai lançou a primeira das cantigas, eu e meu irmão cantávamos no Coro Infantil do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi um privilégio participar, aos oito anos, do lançamento de uma obra sendo criança. Pude apreciar o trabalho como fã e filho. Foi uma sorte ser criança neste momento. Meu pai é compositor muito cuidadoso na elaboração das melodias, não tenho dúvidas que isso influenciou na minha formação como músico”, relembra Edu.
No Brasil há várias experiências de como a música resgatou crianças e jovens da marginalidade. Em Volta Redonda, a Orquestra de Cordas de Volta Redonda atinge cerca de quatro mil alunos das escolas municipais, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
O maestro João Guilherme Ripper, diretor da Sala Cecília Meireles, fortalece o coro:
“Edino Krigger está na linha dos grandes compositores e administradores brasileiros. Ele foi diretor da Sala Cecília Meireles e do Museu de Imagem e do Som - uma vida voltada para música. A contribuição de Edino como compositor fortalece a formação musical nas escolas, um trabalho muito importante.”
Com suas cantigas, Edino Kriegger volta a defender a obrigatoriedade do ensino da música nas escolas do país, um projeto iniciado por Villa-Lobos.
“A música é um instrumento de formação de cidadãos, temos de tirar as armas das mãos dos jovens e trocar por instrumentos musicais. Meu sonho é que a musicalização das escolas seja estendida a todo país, seguindo o exemplo da Orquestra Jovem da Venezuela. É necessário começar cedo, por isso as cantigas em versão brasileiras são tão necessárias. Precisamos criar um canal de diálogo e identificação com essas crianças.”
>>> Ouça as Rondas Infantis do maestro Edino Krieger, aqui!
Colaboração de Ramon Mello
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