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domingo, 24 de outubro de 2010

Classicismo

O passo definitivo para a música tonal é dado com a sonata clássica. Nela os momentos de tensão e relaxamento tornam-se a base da construção formal de obras para instrumento solo e posteriormente para quartetos de cordas, trios e sinfonias. Haydn e Mozart fazem da sonata a forma musical mais importante do final do século XVIII e início do século XIX. Esse projeto é levado às últimas conseqüências por Beethoven. Suas sonatas deixam de ser jogos de divertimento ou variações sobre as melodias principais e se tornam uma profunda rede de inter-relação entre ritmos, melodias e timbre. Junto com Franz Schubert (1797-1828), Beethoven abre as portas para o romantismo.

Sonata

O termo sonata tem sentidos diferenciados. No século XVII, designa uma peça polifônica, instrumental, que se opõe à sinfonia, que é mais homofônica; posteriormente, tem-se a sonata de igreja, em estilo de fuga, e a sonata de câmara, composta de uma suíte (seqüência) de danças. Com Boccherini e Carl Phillipp e Emmanuel Bach, filho de Johann Sebastian, a sonata torna a forma que perdura até o século XIX: uma estrutura em três movimentos, com dois temas principais, que são desenvolvidos por meio de variações rítmicos-melódicas e da modulação.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) nasce em Salzburg, na Áustria, filho de Leopold Mozart, compositor e professor de música. A partir dos 6 anos, é levado a diversos países, onde demonstra seu talento ao piano. Aos 10 anos compõe seus primeiros oratórios e sua primeira ópera cômica. Em 1781 se estabelece em Viena. Após uma temporada em Praga, volta para Viena e compões a ópera A flauta mágica, no ano de sua morte. Deixa mais de 600 obras entre as quais 20 óperas; 15 missas (incluindo o famoso Réquiem); 100 canções, árias e corais; 50 concertos para instrumento solista e orquestra; 17 sonatas para pianos; 42 sonatas para violino e piano e 26 quartetos de cordas.

Forma - O ideal Clássico

No decorrer do século XVIII, realizou-se plenamente aquilo a que os últimos compositores barrocos já aspiravam: a criação de uma arte abstrata. Os classicistas não pretendiam que sua música fosse linguagem para cantar a religião, o amor, o trabalho, ou qualquer coisa.

Buscavam dar-lhe pureza total, a fim de que o mero ato de ouvi-la bastasse para dar prazer. A perfeição da forma era o seu ideal estético. A abstração completa era o meio que viam para atingi-lo. E essa abstração eles obtiveram desenvolvendo a Sonata Clássica (ou Sonata-forma) e a Sinfonia. Muito antes do Classicismo, Domenico Scarlatti já havia esboçado as linhas gerais da sonata. Mas foram dois filhos de Bach - Johann Christian e Carl Philipp Emanuel - que a fizeram chegar à maturidade como gênero musical. A sinfonia, por sua vez, também fora esboçada por um Scarlatti: o pai de Domenico, Alessandro (1660-1725). Este elaborara o gênero denominado Abertura italiana, dando-lhe um movimento rápido, um lento e outro rápido (Allegro-Adagio-Allegro).

Mais tarde, Johann Stamitz (1717-1757) modificou esse esquema de construção: antes do allegro final, adicionou um movimento dançante extraído da suíte, o minueto.

Por fim, os músicos da Escola de Mannheim, na Alemanha, aperfeiçoaram o trabalho de Stamitz, completando a formulação do gênero sinfônico.

O compositor mais representativo do espírito classicista foi Joseph Haydn (1732-1809), autor de uma obra vastíssima, na qual as possibilidades musicais da sinfonia foram exploradas com grande riqueza inventiva. Grande destaque tiveram também François Gossec (1734-1829) e Ludwig Spohr (1784-1859).

A Ópera séria

A ópera dos palcos europeus conservava-se presa aos padrões da ópera cômica napolitana desde o momento em que Alessandro Scarlatti fizera predominar a força emocional do texto sobre a música de teatro, que foi um foco da atenção dos classicistas.

Cansados desse "bel-canto" complicado e obsoleto, alguns compositores decidiram renová-lo, voltando "ao natural" no gesto, na palavra e, em especial, na melodia. Em vez de sentimentalismo, desejavam uma síntese verdadeira do sentimento humano.

A iniciativa do trabalho de tornar séria a ópera coube a Christoph W. Gluck (1714-1787). Era mestre em Viena, na corte da Imperatriz Maria Teresa. Mas foi em Paris que ele promoveu a reforma do drama musical.

A refinada corte francesa do século XVIII se dividia em dois grupos antagônicos. De um lado se punham os partidários da ópera cômica; do outro ficavam os apreciadores de Rameau, que procurara manter uma dramaticidade equilibrada em suas composições. Orfeu e Eurídice, de Gluck, surgiu em 1762, ou seja, dois anos antes da morte de Rameau. Nela não se podiam apontar virtuosismos vazios. Era despojada de tudo aquilo que agradava aos "bufões".

Os entusiastas do seu rival Niccola Piccinni (1728-1800) lhe moveram guerra, mas sem sucesso.

O caminho aberto por Gluck passou a ser seguido por outros, como Cherubini (1760-1842), Spontini (1774-1851), Méhul (1763-1817) e Salieri (1750-1825). Um futuro brilhante se delineava para a ópera.

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