Em permanente disputa com os gregos, Macedônia promove campanha de reafirmação da identidade nacional
The New York Times
Na capital Skopje, Macedônia, trabalhadores italianos montam estátua de bronze do lendário rei Alexandre, o Grande (Georgi Licovski/EFE) A Macedônia deveria se juntar à Otan em 2008, mas a Grécia vetou o convite porque a questão do nome estava pendente
A relação da Macedônia, um pequeno país encravado nos Bálcãs, com seus vizinhos está longe de ser considerada fácil. Búlgaros veem os macedônios como búlgaros com sotaques. A Sérvia costuma considerar o país como a Sérvia do Sul. Os gregos acusam o país de nada menos do que roubar seu nome, história e símbolos nacionais. Agora, a Macedônia reagiu.
Numa exibição precisamente calibrada de engenharia política e civil, o país ergueu uma estátua de bronze de 14,6 metros de Alexandre, o Grande, com 30 toneladas, na praça central de Skopje, a capital.
“Essa é uma maneira de a Macedônia afirmar sua existência nacional”, disse Vasiliki Neofotistos, antropólogo da State University of Nova York, que estuda política de identidade na Macedônia. “A Macedônia quer avançar a tese de que representa uma pedra fundamental para a civilização ocidental”.
Passado - Não de trata meramente de uma questão filosófica. O vínculo com um herói histórico ajuda a levar a auto-estima de um povo que acredita ter sido marginalizado por séculos.
O projeto da estátua é controverso. Custou cerca de 13 milhões de dólares, o equivalente a 19 milhões de reais. Os nacionalistas acham que o valor vale a pena. “Uma nação que perde sua identidade não é ninguém”, afirmou o etnógrafo Alexandar Ristecski, de 32 anos.
O conflito diplomático com os gregos é antigo. Quando a Macedônia declarou independência da Iugoslávia, em 1991, a Grécia imediatamente protestou quanto ao nome e à bandeira, acusando o novo país de fazer reivindicações ao território grego e de tentar separar a antiga civilização macedônia da cultura helênica. Os macedônios tinham a expectativa de se unir à Otan em 2008. Os gregos levantaram o veto por discordar do nome do novo país.
Numa exibição precisamente calibrada de engenharia política e civil, o país ergueu uma estátua de bronze de 14,6 metros de Alexandre, o Grande, com 30 toneladas, na praça central de Skopje, a capital.
“Essa é uma maneira de a Macedônia afirmar sua existência nacional”, disse Vasiliki Neofotistos, antropólogo da State University of Nova York, que estuda política de identidade na Macedônia. “A Macedônia quer avançar a tese de que representa uma pedra fundamental para a civilização ocidental”.
Passado - Não de trata meramente de uma questão filosófica. O vínculo com um herói histórico ajuda a levar a auto-estima de um povo que acredita ter sido marginalizado por séculos.
O projeto da estátua é controverso. Custou cerca de 13 milhões de dólares, o equivalente a 19 milhões de reais. Os nacionalistas acham que o valor vale a pena. “Uma nação que perde sua identidade não é ninguém”, afirmou o etnógrafo Alexandar Ristecski, de 32 anos.
O conflito diplomático com os gregos é antigo. Quando a Macedônia declarou independência da Iugoslávia, em 1991, a Grécia imediatamente protestou quanto ao nome e à bandeira, acusando o novo país de fazer reivindicações ao território grego e de tentar separar a antiga civilização macedônia da cultura helênica. Os macedônios tinham a expectativa de se unir à Otan em 2008. Os gregos levantaram o veto por discordar do nome do novo país.
Em junho deste ano, os gregos desviaram o foco para o novo monumento de seu vizinho do norte. Enquanto o parlamento grego debatia uma votação de confiança no governo, Stavros Lambrinidis, ministro de Relações Exteriores, disse aos deputados que a estátua era um importante ponto da política externa, “uma provocação” que espalhava “irredutibilidade nos Bálcãs”. Seu colega macedônio se recusou a comentar.
Novo tempo - A estátua é parte de um controverso tratamento de imagem para o centro Skopje, o que inclui a construção de um arco do triunfo, quinze novos edifícios e a remodelação de prédios antigos.
O governo do primeiro-ministro Nikola Gruevski também deu o nome de Alexandre ao aeroporto de Skopje, a uma estrada e a um estádio. A inauguração da estátua de Alexandre deverá ocorrer no dia da independência, em 8 de setembro.
“Essa iniciativa de reconstrução da nação macedônia está definitivamente destruindo as chances de um acordo com a Grécia", protestou Vladimir Milcin, diretor executivo da Fundação Sociedade Aberta Macedônia. “Isso está apenas alimentando seu poder e imagem de que ele é o único e último defensor do nome, identidade e cultura da Macedônia”, disse.
Colcha de retalhos - A política de identidade macedônia é ainda mais complicada pelo fato de 25 por cento da população do país ser de albaneses étnicos. Em 2001, o Exército Nacional de Libertação Albanês se envolveu numa guerr de seis meses contra as forças de segurança da Macedônia - sem obter sucesso.
“Essa iniciativa de reconstrução da nação macedônia está definitivamente destruindo as chances de um acordo com a Grécia", protestou Vladimir Milcin, diretor executivo da Fundação Sociedade Aberta Macedônia. “Isso está apenas alimentando seu poder e imagem de que ele é o único e último defensor do nome, identidade e cultura da Macedônia”, disse.
Colcha de retalhos - A política de identidade macedônia é ainda mais complicada pelo fato de 25 por cento da população do país ser de albaneses étnicos. Em 2001, o Exército Nacional de Libertação Albanês se envolveu numa guerr de seis meses contra as forças de segurança da Macedônia - sem obter sucesso.
Para Rafis Aliti, ex-combatente com os rebeldes albaneses e hoje membro do Parlamento, a disputa em relação a Alexandre preocupa seus correligionários, pois “não haverá possibilidades para o futuro, nem segurança e nem investimentos estrangeiros”.
O encanto da tradição macedônia tem crescido. Alexandre ajudou a apoiar a nação contra o trauma do livre mercado, conflitos políticos e independência, afirmou Pasko Kuzman, arqueólogo do Ministério da Cultura. “Alexandre conquistou o mundo”, acrescentou ele. “Você abriria mão de algo assim? Acho que não”, encerra ele numa tentativa de xeque-mate.
O encanto da tradição macedônia tem crescido. Alexandre ajudou a apoiar a nação contra o trauma do livre mercado, conflitos políticos e independência, afirmou Pasko Kuzman, arqueólogo do Ministério da Cultura. “Alexandre conquistou o mundo”, acrescentou ele. “Você abriria mão de algo assim? Acho que não”, encerra ele numa tentativa de xeque-mate.

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