ELVIS x MICHAEL

texto de Fernando Lobregat Matheus publicado no Jornal da Cidade de Bauru, sobre Elvis Presley e Michael Jackson, tendo em conta a morte do Rei do Pop e o Dia Mundial do Rock 'n' Roll.Neste momento em que o mundo chora a morte do Rei do Pop, Michael Jackson, em vários artigos é feita uma comparação entre ele e Elvis Presley, o rei do Rock. De certa forma, eles tiveram vidas parecidas, tanto na parte artística quanto na vida pessoal. Ambos morreram jovens, Elvis com 42 e Michael com 50 anos. Eram pessoas que tiveram grandes decepções e eram depressivos. Se tornaram dependentes de remédios e os mesmos os levaram à morte, quase da mesma forma. Ambos estavam em casa no momento, sofreram parada cardíaca no mesmo horário, 14h30, tentaram reanimá-los em vão e chegaram sem vida ao hospital.A comoção que houve após também tem as mesmas proporções, todos querem saber o que aconteceu. Elvis está sepultado no jardim de sua mansão, Graceland, em Memphis. Michael poderá ser sepultado no rancho Neverland, onde morou, em Santa Bárbara, Califórnia.A divulgação da obra do artista também ocorreu de forma maciça em ambas as ocasiões. Elvis gravou 74 discos em 22 anos de carreira, vendendo cerca de 500 milhões de discos. Após a sua morte, foram feitos vários relançamentos de suas gravações e hoje a vendagem está estimada em torno de 1 bilhão e 300 milhões de discos, tornando-se o cantor de maior vendagem da história. Michael gravou dez discos solo, sem contar os do Jackson Five, quando criança, somando aproximadamente 750 milhões de discos vendidos em 40 anos de carreira. Agora é esperado um aumento grande nas vendas de seus discos pela comoção em torno da sua morte. Michael era admirador de Elvis e inclusive casou-se com a única filha dele, Lisa Marie, em 1994, separando-se em 1996. Dizem que era pela amizade de Lisa que o ajudou a superar uma fase difícil, nunca admitindo que fosse casamento de fachada.Elvis nunca mais foi o mesmo depois que sua mãe morreu, em 1958, era muito apegado a ela. Michael sofreu muito quando criança, na mão do pai, que o agredia sem piedade. Não teve infância e o seu comportamento meio bizarro vem daí, com tantos traumas não superados. Sucessivas cirurgias plásticas mudaram totalmente sua aparência, talvez por causa do pai que vivia lhe dizendo que era feio. Se recusava a crescer, queria ser criança para sempre.Elvis foi abandonado por Priscila, sua esposa, em 1972, outro baque que não conseguiu superar. Para fugir dos problemas, se entregou cada vez mais aos medicamentos que controlavam todo o seu metabolismo. Ele dizia que só era feliz quando estava em cima do palco. Então, se entregou ao trabalho de uma forma intensa, fazendo cerca de 1.125 shows em 8 anos. Seus problemas de saúde iam se agravando, mas ele não parava. Contribuía para isso seu empresário, que mantinha sua agenda lotada, não se importando com seu estado de saúde.Na parte artística, ambos foram os melhores. Nunca haverá alguém que consiga superá-los. Elvis foi coroado rei do Rock em 1956, em uma época que a música era muito diferente de hoje. Sem recursos tecnológicos, era apenas o talento individual do cantor que sobressaía, sua voz, seu carisma. Ele revolucionou os costumes da época, combateu a segregação racial, mesmo inconsciente, foi o elo entre a música branca e negra americana.De 1958 quando foi servir ao Exército, até 1968, quando retornou aos palcos com um especial na tv americana, ficou praticamente fora do show biz, dando espaço para que os Beatles ocupassem seu lugar. Em 1969, o retorno triunfal, só parando em 26 de junho de 1977, no seu último show em Indianápolis, onde o mundo nunca mais o veria no palco. Michael ficou afastado dos palcos por cerca de 10 anos após o lançamento de seu último álbum, Invencible, de 2001, em parte por querer se isolar de todos por causa de acusações feitas contra ele por pais de crianças que o acompanhavam no rancho Neverland. Acredito na sua inocência. As pessoas não entendiam que o que ele queria era apenas a companhia delas, protegê-las, pois se julgava igual a elas. Mas, visando altas indenizações, os pais aproveitavam e faziam com que seus filhos inventassem coisas para poder processá-lo e ele, para não aumentar a publicidade negativa sobre o assunto, pagava milhões de dólares para se ver livre. Agora apareceu um garoto que pedia perdão a ele por ter inventado coisas e que fez isso obrigado por seu pai, que queria dinheiro.Ambos se importavam com o próximo, sempre auxiliando entidades filantrópicas, hospitais, gastando altas somas, mas nunca admitindo publicidade sobre isso. Tanto é que, por causa do estilo de vida excêntrico de ambos, Elvis, quando morreu, em 16 de agosto de 1977, tinha somente US$ 5 milhões no banco, muito pouco pela importância musical que ele representava. Michael estava falido quando morreu, devendo cerca de US$ 500 milhões. A sua volta, dizem, em parte era para poder enfrentar sérios problemas financeiros que vivia. Mas também, por outro lado, poderia ser o seu desejo de voltar a ser como era no passado, o grande Michael Jackson que todos esperavam ver de volta. Infelizmente ela não aconteceu.Agora, passados 33 anos em que Elvis se foi, o mito se faz presente e ninguém se esquece daquele caminhoneiro que em 1954, aos 19 anos, revolucionou a história da música ao gravar That’s all Right Mamma. Tenho certeza também que, conforme os anos forem se passando, o mito Michael Jackson também estará presente, como na sua obra-prima Thriller, o CD mais vendido da história, de 1982, onde ele estava perfeito. Elvis e Michael são eternos, pois só mitos têm o privilégio de viver para sempre.

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