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sexta-feira, 3 de julho de 2009

ELVIS PRESLEY FOI UM CANTOR SUBLIME QUE PAUTOU A MÚSICA POP

14/07/2002 - 00:00 | Edição nº 217 - O cara pode ter sido um canalha, e não faltam motivos em sua biografia para se chegar a essa conclusão, mas musicalmente Elvis Presley foi sublime. Do roqueiro visceral ao cantor romântico, passando pela música country e o gospel, ele deixou dezenas de gravações definitivas, que pautaram a música pop que foi feita desde então. O conceito de que Elvis teria sido apenas o garotão branco certo no momento certo, é simplista e equivocado. Como o genial guitarrista Scotty Moore - presente, e fundamental, nas primeiras gravações e nos primeiros shows do cantor - conta em seu livro de memórias, “That’s allright, Elvis”, o jovem iniciante conhecia tudo de rhythm ’n’ blues e de country music e sabia exatamente o que queria fazer no estúdio. Elvis foi sim um dos inventores do rock e, continua hoje, o melhor intérprete do gênero. A história é velha, o produtor Sam Phillips não se cansa de contá-la, mas ainda vale lembrá-la por captar com perfeição o retrato do roqueiro quando jovem. Dono e produtor do estúdio e gravadora Sun Records, em Memphis, Phillips percebeu, no início dos anos 50, o sucesso que o rhythm ’n’ blues negro começava a fazer entre a juventude branca e comentava: - Se eu encontrar um branco com o som e o sentimento negros, poderei fazer um bilhão de dólares. Durante o verão americano de 1953, esse branco, então com 18 anos, cruzou a porta do estúdio de Phillips e ajudou a formatar o rock ’n’ roll. O produtor percebeu que tinha ouro nas mãos, em gravações seminais, feitas entre 1954 e 55, que, até hoje, garantem a Elvis Aaron Presley o título de Rei do rock: entre outros, petardos como “That’s all right”, “Mystery train”, “Baby, let’s play house”, “Good rockin’ tonight”, “Milkcow blues boogie”, “Blue moon of Kentucky”, “You’re a heartbreaker”. Mas, antes de fazer seu bilhão, Phillips vendeu, em novembro de 1995, o passe de Elvis para a poderosa RCA Victor por... apenas US$ 25 mil. Roqueiros radicais tendem a identificar aí o início da longa decadência musical de Elvis. Algo que se agravaria ao ter seu estilo domesticado pelo padrão de Hollywood. A passagem pelo Exército americano, a partir de março de 1958, completaria a mutação: de jovem rebelde para bom moço. Perfil embalado para a mídia engendrado pelo maquiavélico empresário Colonel Tom Parker, que, a partir de 1955, dominou com mão de ferro a carreira de Elvis. Nas internas, ele nunca foi santo e também entupiu-se de drogas (a princípio legais, com receita médica) - mesmo que tenha virado agente especial do FBI e, enciumado com o sucesso dos Beatles, tenha dedurado os roqueiros britânicos, responsabilizando- os pela decadência moral da juventude americana. Tudo isso, e infindáveis e escabrosas histórias, que encheriam telas e telas, podem mostrar que o ídolo tem pés, e caráter, de barro, mas não tiram um pingo do brilho do cantor.

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